Diretor do SAAE presta contas à Câmara Municipal

Na sessão desta terça-feira (16), o diretor-geral do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), Renavam Sobrinho, apresentou um amplo panorama da situação da autarquia, respondeu a questionamentos dos vereadores, detalhando medidas em andamento para enfrentar os principais desafios do saneamento no município.

Na abertura, o diretor destacou projetos de até R$ 2 milhões voltados à melhoria do abastecimento nas regiões de Boa União e Guabiraba, além de outras iniciativas que estão em análise. Abordou também o projeto da Tarifa Social, que depende de regulamentação nacional, e defendeu a necessidade de um estudo tarifário de longo prazo, para permitir previsibilidade e cobrir os custos crescentes do saneamento.

Renavam lembrou que o SAAE convive hoje com um déficit orçamentário de R$ 8 a 9 milhões para fechar o ano. Além desse desequilíbrio imediato, a autarquia acumula dívidas históricas: cerca de R$ 19 milhões com a Neoenergia Coelba, além das dívidas referentes aos parcelamentos do INSS e precatórios judiciais. Segundo o diretor, parte dessas obrigações já foi renegociada, mas ainda pressiona fortemente as finanças da autarquia.

O diretor citou ainda medidas em curso para economia e eficiência. Segundo ele, a entrada no mercado livre de energia deve gerar economia de cerca de R$ 200 mil por mês, recursos que serão aplicados em obras e manutenção. “O esgotamento sanitário tem custos elevados e precisa ser compreendido como parte essencial do serviço, ainda que culturalmente não receba a mesma prioridade”, afirmou.

Diálogo

Os vereadores Luciano Almeida, Darlan Lucena e Luma Menezes questionaram a respeito da dívida ativa da autarquia, especialmente com a Coelba e o INSS, além de precatórios judiciais. Renavam explicou que os débitos com a Coelba remontam a mais de 15 anos, passando por sucessivos parcelamentos e repactuações, e hoje giram em torno de R$ 19 milhões. Informou ainda que o SAAE mantém 13 parcelamentos do INSS, o que representa aproximadamente R$ 300 mil pagos mensalmente, além do valor patronal. Sobre os precatórios, relatou que apenas em 2025 já foram mais de R$ 1 milhão. Somados esses compromissos, o passivo total da autarquia supera os R$ 30 milhões, pressionando fortemente o orçamento.

O reajuste da tarifa de esgoto foi um dos temas centrais. A vereadora Luma Menezes se juntou aos vereadores Thor de Ninha e José Edésio ao destacar a insatisfação popular diante do aumento de mais de 40%. “As pessoas foram surpreendidas, sem tempo de se reorganizar economicamente”, observou a parlamentar.

Renavam justificou que “todo serviço tem um custo, e o esgotamento sanitário representa um dos mais elevados”, lembrando ainda que os trabalhadores do setor recebem adicional de insalubridade de 40%. O diretor reconheceu, porém, a importância de melhorar a comunicação com a sociedade sobre a necessidade dos reajustes.

Em seguida, a viabilidade de um parque solar fotovoltaico foi levantada por Luma Menezes e Thor de Ninha. Embora reconheça os benefícios da energia renovável, Renavam apontou que, no momento, a entrada no mercado livre de energia é mais vantajosa por gerar economia imediata sem necessidade de altos investimentos e manutenção. Ele admitiu, no entanto, que estudos sobre energia solar ainda podem ser aprofundados.

Questões relacionadas ao desperdício de água e aos hidrômetros foram levantadas por Luma Menezes, Edy da Saúde, Noberto Alves (Bebé) e Anderson Xará. O diretor revelou que as perdas totais em Alagoinhas giram em torno de 62%, principalmente por vazamentos e outra parcela significativa por ligações irregulares e ausência de hidrômetros. Hoje, apenas 75% dos imóveis possuem medidores, e muitos já estão obsoletos.

“O nosso parque de hidrômetros tem mais de cinco anos e mede menos do que o consumo real. É preciso renová-lo para reduzir as perdas comerciais”, explicou. Ele acrescentou que o SAAE já contratou análises em poços e estuda a substituição de tubulações antigas, como na região da Capoeira, onde a rede não suporta a pressão da água.

Demandas

As demandas da zona rural foram destacadas pelos vereadores Bebé, Edy da Saúde, Cláudio Abiúde e Darlan Lucena, que citaram comunidades como Gameleira, Conceição, Quizambu, Buracica e Camboatá. Renavam informou que está em andamento processo licitatório para aquisição de mais de 10 km de tubulação com recursos próprios, contemplando essas localidades. Ele também mencionou que análises de qualidade da água em poços já foram realizadas, para verificar a viabilidade do abastecimento em áreas com histórico de água salobra.

Já as questões sobre equipamentos foram levantadas pelos vereadores Xandinho e Thor de Ninha. O diretor mencionou que o SAAE está adquirindo dois novos caminhões – um vácuo e um hidrojato – e duas retroescavadeiras, substituindo máquinas antigas que frequentemente quebram. Sobre o caminhão limpa-fossa antigo, esclareceu que está parado na estação do Sobocó e precisaria de investimento de cerca de R$ 68 mil para recuperação, sendo viável destiná-lo à limpeza exclusiva das estações de tratamento.

Já os vereadores Anderson Xará e Cláudio Abiúde apontaram problemas recorrentes em locais como Santa Terezinha, São Crispim e Marechal, onde obras de drenagem mal executadas acabam comprometendo o esgotamento. Renavam reconheceu a existência de pelo menos oito pontos críticos no município, que só podem ser resolvidos de forma conjunta com outras secretarias. “Em locais onde não há drenagem adequada, a rede de esgoto acaba sendo usada como alternativa, o que provoca extravasamentos e problemas recorrentes após cada chuva”, disse.

Abiúde reforçou a importância da Tarifa Social, proposta que tramita em nível nacional, para atender famílias em situação de vulnerabilidade. Já Xandinho sugeriu maior integração entre SAAE e a Secretaria Municipal de Manutenção para agilizar o fechamento de buracos após intervenções nas ruas.

Por fim, o presidente da Câmara, Cleto da Banana, agradeceu a presença de todos os parlamentares e fez questão de destacar a postura do diretor do SAAE. “Quero agradecer em especial a Renavam, este homem que assumiu a direção da nossa autarquia e está sempre à disposição da população, trazendo explicações e respondendo tudo aquilo que lhe foi perguntado. Em nome desta Casa, agradeço a disponibilidade e deixo registrado que não foi necessário nem oficiar: assim que mantivemos contato, ele mesmo pediu para agendar sua vinda. Conte com o apoio desta Câmara, que está à disposição para contribuir com o bem da população”, declarou.

Ao encerrar, Renavam Sobrinho agradeceu a oportunidade e reforçou a disposição de diálogo permanente com o Legislativo e a sociedade. “Quem trabalha com prestação de serviço precisa estar preparado para a cobrança. O que importa é que ela aconteça com respeito, porque estamos aqui para buscar soluções. Tenho visitado as comunidades, ouvindo de perto as demandas, e sigo à disposição desta Casa e da população de Alagoinhas para avançarmos juntos”, concluiu.

Fotos – Jhô Paz

Fonte: Ascom – Câmara Municipal de Alagoinhas

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