Novembro é um mês de falas poderosas pelo empoderamento do povo negro, mas essa luta é antiga e precisa ser contínua. Edson Gomes retratou bem a situação dos negros escravizados no Brasil quando disse, numa de suas canções:“No dia 14 de maio eu saí por aí. Não tenho trabalho, nem casa, nem pra onde ir…”
No período imediato pós-abolição (1888), não houve qualquer política pública de apoio aos ex-escravizados. A República, instalada em 1889, via a população negra como “degenerativa à herança humanista europeia”.
Embrenhando-se nas matas, vivendo às margens das fazendas ou subindo os morros, o povo negro buscava formas de existir e sobreviver ao abandono imposto por uma sociedade ainda escravocrata e, agora, abertamente racista.
Somente com a Constituição de 1988, cem anos após a abolição, surgiram leis de reconhecimento dos direitos sociais dos afrodescendentes.
Os “filhos e filhas” dos inúmeros Zumbis e Dandaras, silenciados por séculos, hoje reivindicam reconhecimento como remanescentes de quilombos brasileiros e lutam pela reparação socioeconômica pelos anos de cativeiro e sofrimento vividos por seus ancestrais.

Alagoinhas, também erguida pelo trabalho de pessoas escravizadas, possui diversas comunidades quilombolas em seu entorno. Algumas já reconhecidas pela Fundação Palmares, como Cangula, Oiteiro, Catuzinho e a mais recente, Buri. Outras seguem aguardando confirmação. Todas elas, hoje, lutam pela manutenção de suas tradições, pela valorização de sua cultura e pelo orgulho de sua ancestralidade quilombola.




