Casas antigas são sempre referenciais históricos do local onde foram erguid as. No entanto, os cuidados com esses verdadeiros “museus” arquitetônicos a céu aberto, geralmente, deixam a desejar e sua degradação é tristemente acompanhada ao longo do tempo.

Alagoinhas não foge à regra. Muitos prédios, públicos e privados, encontram-se em visível estado de deterioração.
Grande parte dos alagoinhenses já viu a bela casa em estilo neoclássico, datada do século XIX, situada no terreno onde hoje se encontra o Centro de Cultura, mas poucos conhecem sua importância no desenvolvimento econômico da região.
Construída em 1914 para abrigar o Matadouro Público Municipal, a edificação se destaca pela beleza e pelo acabamento refinado, destoando de sua função original. No interior, o pé-direito alto e reforçado sustentava grandes tesouras treliçadas de madeira, que suportavam trilhos utilizados para a movimentação do gado abatido. No mesmo espaço, os cortes de carne eram comercializados tanto com comerciantes quanto com a população local.
A fachada principal, ornamentada por colunas, e as laterais, com amplas janelas venezianas que permitiam a entrada de luz e ventilação, conferem à construção grande valor arquitetônico. Um detalhe marcante era a cabeça de touro em bronze, que ornamentava a entrada, porém , infelizmente, a peça desapareceu (foto anexa).
Em 1950, o matadouro foi desativado por não atender mais aos requisitos higiênicos e à crescente demanda comercial da época. Nas décadas seguintes, o prédio passou por diversas restaurações e chegou a abrigar atividades culturais.
No início dos anos 2000, a Prefeitura Municipal de Alagoinhas doou o imóvel ao Governo do Estado da Bahia, transferindo a responsabilidade pela conservação do patrimônio.

Atualmente, o edifício encontra-se em total abandono. Ainda assim, é possível perceber sua imponência e lamentar o descuido com mais um importante espaço histórico de Alagoinhas.
Fonte: Memória, narrativa e identidade: a cidade ferroviária de Alagoinhas — Iraci Gama Santa Luzia.




